O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um padrão de prejuízo persistente causado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. O diagnóstico possui três apresentações: a predominantemente desatenta, a predominantemente hiperativa/impulsiva e a combinada, podendo ser classificado como leve, moderado ou grave conforme seu nível de prejuízo.
O diagnóstico do TDAH é clínico, baseado em instrumentos que combinam sintomas e critérios adicionais como a presença de prejuízos e idade de início, constantes em manuais classificatórios como a CID-10 e o DSM-5. Não há elementos isolados ou marcadores biológicos como exames de neuroimagem, neurofisiológicos e testes neuropsicológicos, embora eles possam ser úteis na avaliação. O avaliador pode contar também com a ajuda de relatos de pessoas familiares ao paciente.
O papel das comorbidades no TDAH é relevante, sendo os transtornos de ansiedade, uso de substâncias, transtorno de conduta, de oposição e desafio, personalidade antissocial, depressão maior e bipolaridade os mais associados.
Os prejuízos ao longo da vida dos indivíduos com TDAH em comparação a controles sem TDAH são significantes em diversos aspectos: apresentam pior coordenação motora na infância e na escola possuem maiores taxas de repetência, expulsões e evasões. Além disso, possuem menores taxas de ensino médio completo, ingressos na faculdade e graduações. E por fim, também apresentam maiores taxas de acidentes no trânsito, acidentes com lesão corporal, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência, assim como maior uso de tabaco e drogas ilícitas.
O que mais desafia um adulto TDAH é o déficit nas FUNÇÕES EXECUTIVAS. O termo “funções executivas” (FE) compreende as habilidades necessárias para um indivíduo formular objetivos, planejar e organizar ações, criar estratégias eficientes, monitorar o comportamento, resolver novos problemas, inibir ou iniciar comportamentos apropriados a um contexto, tomar decisões, raciocinar e abstrair, dentre outras habilidades.
Diante disso o paciente com prejuízos por conta do TDAH, necessita de um programa de treinamento individual ou grupo em “reabilitação de resolução de problemas” com foco no treinamento e restabelecimento da função executiva alterada e também na compensação de déficits cognitivos. O objetivo de ensinar e treinar os pacientes a reduzirem a complexidade de problemas decompondo-os em subetapas e, assim, substituir uma abordagem impulsiva por outra mais sistemática e eficaz.
Os pacientes realizam exercícios que treinam:
a) a identificação e análise de problemas;
b) a seleção de informações relevantes para a solução de problemas;
c) o reconhecimento das relações entre informações relevantes e combinação apropriada destas;
d) a produção de ideias e soluções,
e) o uso de representação mental (quadros mentais) para resolver problemas;
f) o monitoramento da implementação e avaliação das soluções
As intervenções de estimulação cognitiva aplicadas aos déficits de Funções Executivas demonstram benefícios importantes. Essas intervenções se tornam ainda mais relevantes se considerarmos que há possíveis implicações positivas não apenas no contexto individual de cada paciente, mas também no contexto econômico e social, observo, uma parcela considerável dos meus pacientes retorna a algum tipo de atividade ocupacional. Há evidências na literatura de melhor prognóstico de recuperação em pacientes que iniciaram a reabilitação/estimulação cognitiva na fase aguda ou pós -aguda quando comparados àqueles que não receberam ou receberam intervenções não direcionadas para esse fim.
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